sexta-feira, 17 de setembro de 2021


 setembro de 2021: 55 anos de vida, 30 anos de poesia!

 

terça-feira, 9 de junho de 2020


O rei está nu

Tuas palavras
ásperas e laminadas de mentiras
vestem os fatos e os corrompem.
E meu silêncio - escudo de sílabas tortas -
ouve e ignora, és letra morta.
Dou-te as costas, sigo em frente
intuindo o nascedouro da estrela
e não o poente.
Estás só, arrogante e firme
com seus vereditos e infâmias.
Não reverbera teu nome na rua
pois plantaste, com água e adubo,
o grão do esquecimento
e minguará pelos anos a colheita:
palha seca e algum enfastiamento.

(inédito)

terça-feira, 29 de outubro de 2019

ponto final

Não considere as flores que murcharam
os antigos presentes
o cartão de natal.
Substitua a apóstrofe
por ponto final.

Esqueça o lirismo que outro dia
tiveram o sol e a chuva.
Detenha-se na alegria do futuro.

Não se interesse por aquela fotografia
não mais atual.
Veja que não é estranho
o resumo de uma paixão
que deixa com o mesmo equilíbrio
reservas de açúcar e de sal.

(Partido, 1997)

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

          RAIO X DA FRATURA

Resultado de imagem para estilhaços

Em pedaços
                     o relógio
          a rua 
                         o rumo
o real
                   a razão

        o rosto em pedaços.

           Tudo p a r t i d o.

E o rótulo inteiro.

( Partido, 1997)

quarta-feira, 23 de maio de 2018

extra e intra

nenhuma janela
nenhuma estrela
nenhum espelho

a música que há
não chega aos ouvidos
o tempo não sai do lugar

nada há que antecipe
a pronúncia sonora
e bastante
do teu indispensável olhar

(Partido, 1997)

sábado, 17 de dezembro de 2016

À casa do Ferreira
Com os dias tão velozes
muito mais do que as noites
não tenho notado se aqui dentro
as peras apodrecem sobre a mesa
nem se lá fora
o açúcar madura no canavial.
Passar dentro do tempo
e não sentir
ver mil signos por segundo
e não se traduzir
talvez seja pior do que desejar
que o poema prometa
e ele não cumprir.