Marta Helena Cocco
blog de poesia
sexta-feira, 17 de setembro de 2021
terça-feira, 9 de junho de 2020
O rei está nu
Tuas palavras
ásperas e laminadas de mentiras
vestem os fatos e os corrompem.
E meu silêncio - escudo de sílabas tortas -
ouve e ignora, és letra morta.
Dou-te as costas, sigo em frente
intuindo o nascedouro da estrela
e não o poente.
Estás só, arrogante e firme
com seus vereditos e infâmias.
Não reverbera teu nome na rua
pois plantaste, com água e adubo,
o grão do esquecimento
e minguará pelos anos a colheita:
palha seca e algum enfastiamento.
(inédito)
terça-feira, 29 de outubro de 2019
ponto final
Não considere as flores que murcharam
os antigos presentes
o cartão de natal.
Substitua a apóstrofe
por ponto final.
Esqueça o lirismo que outro dia
tiveram o sol e a chuva.
Detenha-se na alegria do futuro.
Não se interesse por aquela fotografia
não mais atual.
Veja que não é estranho
o resumo de uma paixão
que deixa com o mesmo equilíbrio
reservas de açúcar e de sal.
(Partido, 1997)
Não considere as flores que murcharam
os antigos presentes
o cartão de natal.
Substitua a apóstrofe
por ponto final.
Esqueça o lirismo que outro dia
tiveram o sol e a chuva.
Detenha-se na alegria do futuro.
Não se interesse por aquela fotografia
não mais atual.
Veja que não é estranho
o resumo de uma paixão
que deixa com o mesmo equilíbrio
reservas de açúcar e de sal.
(Partido, 1997)
quarta-feira, 5 de setembro de 2018
quarta-feira, 23 de maio de 2018
sábado, 17 de dezembro de 2016
À casa do Ferreira
Com os dias tão velozes
muito mais do que as noites
não tenho notado se aqui dentro
as peras apodrecem sobre a mesa
nem se lá fora
o açúcar madura no canavial.
Passar dentro do tempo
e não sentir
ver mil signos por segundo
e não se traduzir
talvez seja pior do que desejar
que o poema prometa
e ele não cumprir.
muito mais do que as noites
não tenho notado se aqui dentro
as peras apodrecem sobre a mesa
nem se lá fora
o açúcar madura no canavial.
Passar dentro do tempo
e não sentir
ver mil signos por segundo
e não se traduzir
talvez seja pior do que desejar
que o poema prometa
e ele não cumprir.
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