sábado, 8 de maio de 2010

Intervalo comercial

Ama depressa
que não há tempo para jogos
nem de dados nem de charme
ama com o amor que tiveres na manga
antigo ou novo em folha
rapidamente que não garantimos
sobrevida fora da bolha
ama aí mesmo debaixo da escada
e cuida que o azar no amor
não te dará algum dinheiro
não pense nos prós e contras
na teoria e nas contas
ama apesar da moda
dos obesos dos nem tanto e dos tísicos
sem levantar hipóteses
deixa aos físicos
o aviso sobre as ilusões
ama sem a nostalgia do vinil e da rádio am
ama logo sem a obsessão da alma gêmea
espécie de incesto platônico
não te dissipes com princesa ou príncipe virtual
com que copulas nas madrugadas
e no intervalo para o almoço
na ausência do chefe
na ausência especialmente
de um amor de carne e osso
ama mesmo com esse amor estropiado
por inumeráveis contingências
além do que pode este poema
ama passando da medida
de peso altura ou profundidade
com que tens aferido a existência
ama com todo desejo
não aquele de habitar a lua
mas o de ir à esquina para a cerveja ou o café
ama imediatamente
com ou sem rima refrão música tema
ceticismo desilusão ou fé
quem procura demais
nunca acha o sapato torto
ama criatura o tempo urge
se não podes cumprir as exigências da alma
ao menos não dispenses o corpo.

4 comentários:

  1. como eu A-DO-RO este poema!!!! além de muuuuuito bem escrito, tão necessário! serviço de utilidade pública! beijo pra você quando puder me faça uma visita:

    http://www.bichodesetecabecas-ge.blogspot.com

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  2. É mesmo excelente esse poema, Marta, parabéns e obrigada, precisava mesmo do imperativo para me fazer ouvir o que eu precisava. Também espero você:

    www.mareseressacas.blogspot.com

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